Artigo destaque entre os 10 TOP do Portal Educação

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Compartilho o artigo abaixo, que gosto muito e está na página do Portal Educação entre os 10 TOP, https://www.portaleducacao.com.br/recursos-humanos/artigos/47669/e-se-nao-houver-depois.

E SE NÃO HOUVER DEPOIS...


No início de minha vida profissional, no auge da empolgação por resultados imediatos e por fazer diferença no mundo, tive uma lição inesperada que serviu para a vida toda, que inicialmente considerei negativa e aterradora, mas que foi fundamental na minha vida.

No final de uma sexta feira, fechando a porta da minha sala de Psicologia Organizacional, do meu primeiro emprego, fui chamada por um dos gestores que coordenava, que me pediu para conversar um pouco. Olhei o relógio e achei arriscado perder o horário para a aula de inglês que ministraria logo depois, longe dali. Perguntei se não poderia ficar para segunda-feira pelo adiantado da hora e ele assentiu.

No sábado recebi o telefonema que ele havia sofrido um acidente e falecera. E a segunda não chegou...

Nas semanas seguintes foi difícil para manter o equilíbrio enquanto procurava arrumar dentro de mim o que parecia os destroços de um tsunami. A primeira crença que consegui construir foi a de que precisamos dizer tudo o que queremos logo, escutar e acolher os que nos rodeiam, pensando exatamente que pode não haver amanhã. Não numa visão fatalista, como muitos interpretam, mas numa visão realista que não faz parte normalmente de nossa educação. Nossa cultura é a da procrastinação e do “jeitinho Brasileiro”, o que acabou nos transformando ao longo dos anos em seres mais individualistas, que defendem seus ideais e filtram o que é de interesse.

Depois passei a expressar mais imediatamente sentimentos, anseios... Até um dia meu filho mais velho, na época adolescente, me disse que eu fazia drama, pois abri a porta do quarto e ele estava dormindo. Ao acordar de mau humor perguntou o que eu queria e eu disse que só queria dizer que o amava. Claro que ele achou que poderia ter deixado para outra hora...

Nos cursos e palestras que ministro, sempre busco passar a importância de delinearmos nossas ações no hoje, viver de forma intensa, buscando não procrastinar, não reprimir emoções para não adoecermos. Como Roberto Shynyashiki fala muito bem nos seus livros, para depois não nos arrependermos e pedir aos médicos que nos concedam mais tempo. Sempre procurando passar o fardo para os demais, não assumindo as próprias escolhas.

As escolhas que fazemos ou deixamos de fazer deixam marcas em todo nosso ser e no nosso organismo. David Servan-Schreiber que ficou conhecido pelo livro Anticâncer, expressa muito bem todas essas considerações no seu último livro-despedida: Podemos dizer adeus mais de uma vez. Ele mostra a escolha inicial que o levou a superar um câncer cerebral fulminante e a sua escolha, quase vinte anos depois, pela formação de outro que foi letal.

O importante é termos consciência que nossa qualidade de vida depende de nossas escolhas, que os sentimentos de impotência enfraquecem o sistema imunológico e provocam inflamações, que uma das proteções de maior eficácia e intensidade na preservação da saúde está em manter a calma interior e rir muito, de forma intensa e sincera.

Buscar o autoconhecimento, perceber limites e limitações, mudar crenças limitantes, rever hábitos que não somam para nosso equilíbrio, desenvolver a resiliência, são todas ações fundamentais num cotidiano cheio de estresse. Precisamos compreender que não podemos eliminar o estresse, mas podemos aprender a diminuir sua intensidade no nosso organismo e fazer uma opção por mais momentos de harmonia e tranquilidade na vida.

Fica a reflexão, não podemos deixar para pensar em nós depois, pois: e se não houver depois...

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