NOSSO MAIOR DESAFIO: encontrar a felicidade dentro de nós

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“Se quiser saber como eram seus pensamentos no passado, olhe para seu corpo hoje. Se quiser saber como seu corpo será no futuro, olhe para seus pensamentos hoje”. Deepak Shopra Trabalho com essa busca diariamente, dentro de mim, dentro dos demais que atendo no consultório e nas empresas. Ao longo de quase trinta anos de formada acompanho mudanças na neurociência, nos estudos do cérebro, mas há uma coisa que nunca muda, apesar de toda a tecnologia disponível e das descobertas contínuas da ciência no que diz respeito ao nosso cérebro: nós somos responsáveis pelo que somos, por como nos sentimos. Por mais que seja fácil buscar receitas prontas, auxílios externos, nós é que precisamos nos conhecer profundamente e saber como ativar a felicidade temporariamente ou definitivamente na nossa vida. A construção da felicidade compreende duas possibilidades que se complementam: o bem-estar atual, imediato, ligado ao momento presente; e o habitual, de longo prazo, que permeia várias instâncias da vida. Nossa sociedade não é voltada para o equilíbrio interno, apesar de sempre explorar isso nos estudos, livros, etc. Pessoas diariamente dizem que é impossível manter-se sem estresse, ou diminuir os estados de ansiedade frente ao aumento da violência, ao ritmo de vida no trabalho... Mas com certeza quem faz os ritmos internos e quem constrói toda a reação neuronal somos nós. Essa sempre é a notícia mais difícil de aceitar, num momento onde receitas mágicas e imediatas são tão mais excitantes. É fácil pensar que o outro é mais feliz, pois vejo só fotos de momentos felizes no facebook, me comparo e acredito que a vida dos outros é melhor, talvez porque tenham mais dinheiro, por terem uma família mais estruturada, por terem mais disciplina... Mas são apenas nossos mecanismos de defesa colocando “panos quentes” e construindo pedaços da armadura que queremos vestir no nosso cotidiano. Isso é apenas ilusão ou delírio, pois faz parte apenas de minha interpretação, eu não sei a realidade que está por trás disso tudo. Tudo aquilo que eu pressuponho não existe até ser comprovado e, qual a razão de sofrer por algo que nem sei se é real? A vida do outro é mais excitante, então porque não pensar que é porque essa pessoa pinta a vida de uma forma colorida? Podemos começar a olhar para os demais e pensar como a pessoa constrói internamente a sua felicidade. Isso é uma nova crença essencial para a saúde e bem estar que queremos tanto alcançar. Acreditar que o outro é feliz porque conquistou isso de alguma forma por esforço, disciplina, persistência e, deixar de fazer-nos de vítima achando que o outro é feliz porque tem sorte ou merecimento. Ater-nos a nossa vida, ao objetivo que tenho de ser feliz e quais caminhos e ações vou traçar para que isso seja plausível é nosso real desafio. E é um desafio eterno enquanto estivermos vivos. Sir Thomas Brown escreveu em 1642, "Eu sou o homem vivo mais feliz. Eu tenho algo em mim que pode converter pobreza em riqueza, adversidade em prosperidade. Eu sou mais invulnerável que Aquiles. O azar não tem como me atingir". O que ele tinha de diferente? Nada. O mesmo cérebro que todos nós temos, apenas ele sabia e fazia funcionar de uma forma mais eficaz. Ele acreditava que podia ser feliz e alcançar seus intentos. Ele acreditava em si e tinha resiliência. Nós seres humanos temos o que podemos considerar um sistema imunológico psicológico. Um sistema que conduz nossos processos, principalmente inconscientes, que nos auxiliam a mudar nossas visões de mundo, para que possamos nos sentir melhor no mundo em que estamos. Nós sintetizamos felicidade, mas pensamos que ela precisa ser encontrada. Estudos realizados demonstram que as pessoas mais felizes apresentam uma maior atividade em um determinado centro do hemisfério esquerdo do cérebro: o córtex pré-frontal esquerdo, região diretamente ligada a emoções e sentimentos positivos. Situações, pensamentos, atitudes e atividades capazes de produzir sentimentos de felicidade têm a propriedade de ativar o córtex pré-frontal esquerdo. Quanto mais intensa e longamente essa região é estimulada, maior se torna o seu nível de atividade e, consequentemente, maior se torna a capacidade da pessoa em sentir feliz e usufruir felicidade. Podemos treinar nossos neurônios para sermos felizes e isso é simplesmente incrível! Richard Davidson, Professor de Psiquiatria e Psicologia da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, determinou o local onde a felicidade, aparentemente reside. Ele chegou a essa descoberta ao medir a atividade cerebral de monges budistas em meditação. Ao alcançarem um estado de bem-estar absoluto, a atividade elétrica no lobo temporal esquerdo disparava, mostrando que ser ou estar feliz é algo biológico. Os trabalhos científicos têm revelado que indivíduos alegres vivem mais e apresentam um sistema imunológico mais resistente, o humor positivo aumenta a capacidade de estar mais alerta e cognitivamente produtivo, estimula o crescimento de conexões nervosas, melhora a flexibilidade de pensamento, aumentando a produtividade mental. Mas o que é felicidade? Para o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, que estuda um estado feliz da mente batizado de fluxo, algo como um transe vivenciado por quem é apaixonado pelo que faz, "Ser feliz é não querer nada mais do que o que você já tem". A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, acredita que "Ficamos felizes quando nossa estratégia para lidar com o estresse funciona bem”, pois esse instante de contentamento aciona uma área do cérebro chamada de sistema de recompensa, que dá a sensação de prazer. Para mim, ser feliz é viver no presente intensificando o prazer de cada momento. Mas como treinar nosso cérebro para ser feliz? Uma técnica que utilizo é a do Diário da Felicidade, que consiste em escrever, em um caderno específico para a atividade, tudo o que aconteceu durante o dia que causou uma sensação de bem estar. Todos os dias, repassar os momentos bons, auxilia na transformação de seres mais positivos do que negativos. O simples fato de listar as coisas boas que acontecem no nosso cotidiano, ou aquilo pelo que sou grato já tem o poder de treinar a nossa mente para focar no que é positivo. Outro auxílio vem do fato de rever acontecimentos da nossa vida que consideramos negativos com outros olhos. Procurar o lado positivo desses fatos passados recria a situação no nosso cérebro de forma diferente e vai “limpando” muitos rancores, mágoas, tristezas, etc. que fazem com que nosso sistema imunológico deprima. Quando ocorrer um acontecimento adverso na nossa vida, ao invés de nos focar no problema, devemos concentrar-nos nas soluções e nas lições que podemos retirar daí. Precisamos aprender todos os dias um pouco mais, sobre assuntos ligados ao nosso propósito de vida (isso irá obrigar o cérebro a criar novos circuitos cerebrais, que permitirão uma maior criatividade e capacidade de resolução de problemas). É fundamental optar por querer ativar a felicidade dentro de nós e persistir... "A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional." Trecho do poema Viver não dói, de Carlos Drummond de Andrade

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