COMO O CÉREBRO TOMA DECISÕES

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Todos os dias somos bombardeados com milhares de escolhas para fazer, desde as mais corriqueiras como o que comer no almoço, às mais importantes como em que investir as economias. Cientistas há muito tempo buscam entender como as pessoas tomam decisões e essa busca passa invariavelmente por entender como esse processo ocorre dentro do cérebro. Isso não é uma tarefa simples e, para descobrir como funciona o processo de decisão dentro do cérebro, os cientistas estão utilizando uma série de abordagens diferentes. Existem linhas de pesquisa que estudam como é o processo decisório de diversos animais na natureza para se tentar entender o que pode ocorrer no cérebro humano. Outras já analisam o histórico de pessoas com lesões cerebrais para associar essas áreas danificadas com o seu efeito sobre a capacidade de decisão. E há também aquelas que fazem os indivíduos passarem por uma bateria de testes enquanto suas atividades cerebrais são monitoradas. Cada uma destas abordagens nos trazem descobertas interessantes e muitas vezes curiosas. Uma característica associada à tomada de decisão é a capacidade de se arriscar. Nos humanos a capacidade de se assumir riscos é um dos traços de personalidade mais consistentes ao longo da vida de uma pessoa. Isso significa que se uma pessoa gosta de se arriscar desde pequeno, ela deve permanecer assim até a velhice. O mesmo vale para o traço oposto, a aversão ao risco. Cientistas acreditam que se conseguirmos entender os custos e benefícios de um comportamento e aplicarmos o raciocínio de seleção natural para entender a história evolutiva desse comportamento, podemos prever o futuro desse comportamento ao longo de várias espécies. Por isso, o comportamento com relação ao risco está sendo estudado em uma variedade de espécies de macacos, pássaros, peixes, entre outras. A esperança é que, quanto mais conhecimento tivermos sobre a evolução da capacidade de se arriscar nas mais variadas espécies, mais próximos estaremos de entender essa característica nos humanos. Já é sabido que o cérebro é organizado em estruturas com funções específicas e que o lóbulo frontal, aquela região logo atrás e acima dos nossos olhos, é onde ocorre a maior parte do processo de decisão. Essa é a maior região do cérebro e também a que mais se expandiu ao longo da evolução humana. Danos nessa região do cérebro podem comprometer os processos de raciocínio e decisão. Então, uma forma que os cientistas encontraram de se estudar como o processo decisório ocorre no cérebro é mapeando as lesões cerebrais de uma série de pacientes e associá-las aos tipos de comprometimento que esses pacientes manifestaram. Após analisar detalhadamente dados de um período de mais de 30 anos, os cientistas descobriram que existem dois sistemas distintos funcionando em áreas diferentes do lóbulo frontal: um responsável pelo controle comportamental e outro pela tomada de decisão. A diferença intuitiva entre esses dois tipos de tarefa é algo que encontramos em nossas vidas a todo o momento. O controle comportamental ocorre quando você evita comer aquele sorvete de chocolate que tanto deseja e sai para uma saudável caminhada. Já a tomada de decisão está relacionada a uma análise de custo-recompensa, como quando decidimos fazer uma aposta. Com a possibilidade de se monitorar a atividade cerebral em tempo real de uma pessoa, os cientistas conseguem fazer descobertas cada vez maiores sobre os processos do cérebro. Uma descoberta recente mostrou que cada pessoa possui valores sagrados que não estão dispostos a negociar e outros que são facilmente negociáveis, e que eles são processados de maneira diferente pelo cérebro. Os valores que são sagrados para uma pessoa, como uma crença religiosa, uma identidade nacional, ou um código de ética, ativam mais uma área do cérebro associada a processos de pensamento baseado em regras, como certo e errado. Já os outros valores ativam áreas ligadas ao processamento de pensamentos de custo-benefício. A maioria das políticas públicas é baseada em oferecer incentivos e desincentivos, ou seja, benefícios e custos.Uma consequência dessa descoberta é que não é razoável pensar que uma política baseada em custo-benefício pode influenciar o comportamento de uma pessoa quando se trata de mudar valores que são sagrados para essa pessoa. O importante para nossa vida é saber como podemos melhorar nossa capacidade de tomada de decisão. Como nosso cérebro possui plasticidade, quanto mais exercitamos uma habilidade, como por exemplo a de tomada de decisão, mais desenvolvida fica a região do cérebro responsável por processar essa habilidade e, consequentemente, melhor desempenhamos essa habilidade. Cérebro Melhor

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